Após a morte de um bebê com idade de um ano e a internação de mais três crianças da mesma família, todas com menos de 6 anos, pela Covid-19, na aldeia de nome Tenondé Porã, situada a 57 km do centro de São Paulo, no distrito de Parelheiros no extremo Sul, ficou em luto. A situação é gravíssima pelo fato de afetar todo o território indígena, composto por 8 aldeias, somando 1.100 pessoas, que ficaram angustiadas devido a demora do resultado do exame dessa criança, uma vez que só saiu depois de um mês e treze dias. Tempo de espera inaceitável.
O equipamento de saúde para atender os primeiros casos não dá conta da demanda. Os relatos que temos apontam que dos 804 testes que foram feitos, 207 testaram positivo, 142 inconclusivos, o que configura um índice de contaminação muito acima da média da cidade.
Segundo cálculos de médicos, tomando essa amostra como base, é real e muito provável que se tenha muito mais pessoas contaminadas pela Covid-19 nestas aldeias. Estamos diante da iminência de uma catástrofe humana que pode causar muitos óbitos na população Indígena da Etnia Mbya Guarani, no distrito de Parelheiros.
Diante do exposto, a CMP (Central de Movimentos Populares) e o CEDECA (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente) de Intelargos, que foram procurados por pessoas que acompanham a referida comunidade, vêm tornar público e exigir das autoridades competentes que tomem medidas para superar essa grave situação, sob pena de ver registrado grande número de óbitos do povo guarani da região.
Isso é inaceitável e inadmissível em qualquer canto do país, principalmente em plena capital de São Paulo.
Preocupada com a situação, a CMP já encaminhou ofício ao secretário de saúde do município, Senhor Edson Aparecido e ao prefeito Bruno Covas, requerendo as seguintes medidas em caráter de urgência:
- Estrutura adequada para ocasião de emergência na UBS Vera Poty;
- Material para higienização e EPIs para os profissionais de saúde do posto;
- Isolamento em um espaço físico adequado dos infectados para se evitar a propagação da contaminação;
- Uma ambulância de forma permanente, 24 horas na aldeia (medida necessária), visto que o hospital de referência mais próximo é o Hospital Pedreira, que fica a 35 km do local;
- Produtos de higiene e limpeza para todas as famílias da Aldeia.
Além disso, o povo indígena reivindica que o hospital de Parelheiro disponibilize leitos de UTIs para o atendimento dos indígenas guarani, qua haja o aumento do número de leitos para o isolamento instalado no CECI da TI Tenondé Porã e que seja construído um Hospital de Campanha para qa haja leitos próprios para internação com o uso de respiradores, pois os indígenas diagnosticados como em estado grave se submetem ao risco e desconforto de ter que sair de seu território para ter o atendimento adequado, bem como à fila de espera do único Hospital de referência próximo às aldeias.
Se estas medidas, além de outras que a prefeitura julgar necessária, não forem tomadas, estaremos nos próximos dias diante da ocorrência de uma tragédia de proporções inimagináveis, com a possibilidade, infelizmente, de inúmeros óbitos por falta de um suporte adequado a essas pessoas vulneráveis, correndo o risco de contaminação total das pessoas que vivem nas 8 aldeias.
São Paulo, 28 de maio de 2020
CMP (Central de Movimentos Populares)
CEDECA (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente de Intelargos)
Fotos: Zig
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